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Portugal é o sexto país da EU que mais contribui para a desflorestação

A expansão da agricultura nas regiões tropicais continua a ser a maior ameaça às florestas e os produtos de base agrícola que conduzem à desflorestação tropical e conversão dos ecossistemas são comercializados internacionalmente, pelo que a atuação urgente perante o problema é de todos: produtores, importadores e consumidores.

Neste sentido a WWF elaborou um relatório (denominado Em crescimento? O impacto continuado do consumo da UE na Natureza a nível global) com o qual pretende apoiar os esforços da UE no combate à desflorestação e outros impactos ambientais relacionados com o consumo europeu.

Eis os principais dados apresentados neste relatório:

- A UE é o segundo maior importador de desflorestação tropical e de emissões associadas, embora a desflorestação associada às suas importações tenha diminuído progressivamente em cerca de 40% entre 2005 e 2017;

- A soja, o óleo de palma e a carne de bovino foram os produtos de base com maior desflorestação tropical associada importados para a UE, seguidos de produtos de base florestal como o cacau e o café;

- A UE contribui para a desflorestação do Cerrado da Amazónia no Brasil e do Chaco na Argentina e Paraguai. Com o cacau especificamente a UE provoca desflorestação na África Ocidental e Central e Indonésia e com o óleo de palma também na Indonésia, Malásia e Papua Nova Guiné;

- os esforços para eliminar, até 2020, a desflorestação das cadeias de abastecimento de mercadorias, não foram bem-sucedidos;

- os esforços na certificação de território em alguns casos resultou numa menor perda de cobertura florestal, mas não há evidência de que as normas voluntárias tenham efeitos mais amplos na desflorestação, fora dos limites das áreas certificadas;

- a preocupação aumenta pois a procura da UE pode também estar a impulsionar a conversão de outros ecossistemas menos avaliados como os não florestais, prados, savanas e zonas húmidas, e assim sendo são necessárias abordagens integradas entre regiões e setores para evitar deslocamentos ou potenciais fugas para outros ecossistemas.

O relatório termina com a recomendação de criação, a aplicar com caráter urgente, de nova legislação juntamente com outras medidas complementares que assegure que: os produtos colocados no mercado são de facto sustentáveis, que todos os produtos potenciadores de degradação de florestas e ecossistemas são considerados, que os direitos humanos são assegurados durante todo o processo produtivo, que às empresas é exigido o cumprimento das regras e a transparência em todo o processo e que sanções sejam aplicadas quando for identificado incumprimento.

Apesar de o relatório ser voltado para a produção e importação de alimentos o consumidor também tem um papel fulcral nesta questão, uma vez que se o artigo não for comprado não será reposto novamente. Por isso devemos: eliminar ou reduzir o consumo dos alimentos mencionados mais associados à desflorestação (soja, óleo de palma, carne de bovino, cacau e café), devemos dar preferência a alimentos certificados, idealmente biológicos, ou com referência a comércio justo e, sempre que existir, preferir alimentos produzidos em Portugal ou o mais próximo possível do nosso país.

A desflorestação contribui ativamente para as alterações climáticas, a perda de biodiversidade e terá um impacto real na sobrevivência da Humanidade em muitos povos do mundo. Como em variados outros assuntos ambientais também neste um problema gerado num local do mundo tem consequências diretas num outro que poderá muito bem ser longínquo.

Devemos manter-nos unidos e responder à tomada de ação para salvar o que ainda é possível salvar.